XII-MACHADACO-12-a-15-de-novembro-de-1999

No princípio os encontros ocorriam esporadicamente, sem data certa. Principalmente em razão da ocorrência de um ou outro óbito.
Os encontros eram para chorar a morte. Hoje nos encontramos para reverenciar a vida e conviver.
De 12 até 15 de Novembro de 1999, na propriedade do Dr. Ernani dias de Moraes, participamos do XII MACHADAÇO.
O Augusto e eu chegamos sexta-feira, dia 12, onze horas, O Gordo nos acompanhou para levar algumas tralhas, almoçou e voltou para ao trabalho e faculdade. O Jorge veio mais tarde, tinha compromissos a cumprir na cidade. Chegou também o Sérgio Dominges.
De Porto Alegre, vieram o Tuzéco, (Arthur Carlos), Cesar Augusto, filhos do lendário Israel Farrapo Machado e por vez primeira participando de um Machadaço, o Antônio, filho do Tuzéco.
Já caía a noite quando chegaram o Cide, Edson, Carlos, Israel, Athos, Amarante e Guilherme, de Montenegro.
Enquanto jantávamos, se fizeram presentes o César Gonçalves, Edson II (Negrão) e Barcelos. O circo estava quase formado.
O cardápio foi matambre e tatu recheado na panela, arroz branco e salada. Para matar a sede foi servido caña da boa, uísque e muita cerveja gelada.
Os que chegaram cedo estavam com o taxímetro acionado. O Athos não queria ficar para trás, pisou fundo, derrapou e capotou. Foi levado para a UTI campeira (barraca) pelo Cide e pelo Edson, onde permaneceu internado até o dia seguinte.
Outro que errou o “varador”, foi o Jorge. Quando foi “recolher os patos”, errou o caminho e também ficou internado na UTI até o amanhecer.
O Tuzéco “enlonou para a Bahia”, acompanhado pelo filho Antônio e pelo irmão Cesar Augusto. Foram dormir na casa da fazenda. Será que essa gente de Porto Alegre tem medo “dos perigos” de dormir no mato ?
As outras baixas da noite foram alguns litros de uísque e muitas cervejas vazias.
O silêncio que só era quebrado pelo ronco dos internados na UTI e pela conversa dos demais, encorajou um graxaim a se aproximar do acampamento. Destinamos a ele os restos descartados do jantar. Não foi o bastante, pela manhã encontramos o lixo todo espalhado pela cozinha.
Recuperadas as forças e disposição, aos poucos o acampamento foi retomando vida. Enquanto uns preparavam o mate, outros lavavam o rosto, penteavam o cabelo e escovavam os dentes. Depois de algumas cuias, um café bem acompanhado forrava o estômago para esperar o almoço.
Frango xadrez com amendoim, arroz branco e salada foi o cardápio do meio dia de sábado.
Uns faziam a digestão dormindo, outros preferiam ir pescar. Destacaram-se no manejo da vara o Antônio e o César Augusto até a chegada do Gomercindo Canevesi, Ambrósio e o Fabrício.
Interessante como as coisas acontecem. O “Seu Bueno”, sogro do Gordo (Florzinha), como sempre, nos fez uma visita. Sua presença traz muita alegria para todos, menos para o “genro querido” que fica como cachorro que roubou sabão, arrodiando a roda do mate sem chegar. Será respeito ou medo do “capataz” ?
Recebemos uma adesão importante este ano. Pela primeira vez tivemos a alegria de receber o Antônio Israel Machado Borges, filho da tia Adelaide que já foi nomeado nosso Embaixador nas terras da Capital.
Comendo churrasco, galeto com massa, peixe frito com polenta e carreteiro, bebendo caña de Montenegro, uísque e de vez em quando um refrigerante o pessoal esperava horas passarem.
O Edson acompanhava tudo e todos, cachaça, uísque, cerveja e refrigerante, churrasco, galeto, massa, peixe, polenta e carreteiro. Mas quando inventou de tomar uma xícara de café preto, o fígado chiou. Ficou na UTI por 18 horas. O médico da família, Dr. Sérgio Domingues, (veterinário) diagnosticou um ataque fulminante de “garrafite suporada”.
Outra ocorrência inesperada foi o “nocaute” sofrido pelo Florzinha, que sem motivo aparente o querido parente foi acometido de um “mal estar” repentino que o tirou de circulação da tarde de domingo até a manhã da segunda-feira. Este caso o Dr. Sérgio Domingues não foi capaz de diagnosticar. Carlos Ulisses não fuma, come moderadamente e é um dos mais fervorosos inimigos do álcool. Acredita-se que foi alergia ao ar puro do mato ou ao pólen muito comum nesta época do ano.
Os pais que se fizeram acompanhar pelos filhos ainda pequenos como o Carlos com o Israel, o Amarante com o Guilherme e o Ambrósio com o Fabrício, deram exemplo pelos cuidados dispensados aos rebentos.
O Edson II (Negrão) mais uma vez cumpriu seu papel e missão para os quais foi trazido. Armou barracas, limpou acampamento, fez fogo, lavou panelas, pratos e talheres. Abriu garrafas, alcançou copos, cortou tempero, trouxe lenha e água para a cozinha. Não bebeu, foi perfeito. Parabéns !
O Augusto, na coordenadoria, organizou as tarefas e afazeres com precisão cirúrgica. A cerveja sempre bem gelada, comida na quantidade e nas horas certas. Sempre bem acompanhado por seu inseparável copo cheio, resingava e falava palavras de ordem dando responsabilidades e cobrando resultados. Quando uma tarefa não era cumprida a contento, ele mesmo a executava. Coordenava e autorizava a internação dos pacientes que necessitavam da UTI.
O Dr. Sérgio Domingues, encarregado da assistência médica, levou a bom termo seu compromisso. Todos voltaram vivos. Alguns um pouco intoxicados, mas vivos. Levantava cedo, esquentava a água, cevava e servia o mate. Nos horários do “remédio” acompanhava os pacientes abrindo as embalagens, verificando a temperatura e dosagem.
Chico Cheiroso é o apelido carinhoso dado pela Esposa Mirene ao Carlos, aliás, com grande propriedade. Mais uma vez fez jus à alcunha, ficou a altura de seu desempenho na arte de liberar flatulência. Se mais não fez, foi em respeito ao filho Israel.
Cesar Gonçalves Machado, (Páti) não compareceu ao XI Machadaço em razão de seus afazeres profissionais e domésticos. A Maira (Máti) não liberou. No XII teve atuação destacada. Por seu desempenho profissional na Frangosul, foi promovido a degustador de ração e por isso está “gordo e são de lombo”.
A arte de pescar revelou o Gomercindo, um grande conhecedor de iscas, melhores locais para pescar e principalmente de espécies de peixes. Cometeu um pequeno erro, não identificou o pacú. Recebeu o troféu “PACÁ” que estava em poder do Amarante há muito tempo.
O falecido Coronel Tida Berthier era avô do Amarante. Criava tigres na barra do Marombas. Tinha orgulho de sua valentia, deve estar se remexendo no caixão com raiva e vergonha. Pois não é que o neto do homem veio para o Machadaço armado com o revólver da mulher, um trinta e doizinho Rossi, série LADY.
Ambrósio Sawczen, convidado debutante em Machadaço foi aprovado para o convívio. Baita companheiro, pescador, abridor de garrafas, secador de copos, lavador de louça, limpador de peixe, assistente de cozinheiro e muito mais. Acompanhado pelo filho Fabrício, outro aprovado, ajudou a fritar os peixes e acompanhou na roda de mate, até parecia um piá de estância. Parabéns. Na oportunidade o Ambrósio recebeu o nome de guerra: SALGADINHO, alusão ao Aeroporto Salgado Filho, em razão da semelhança de sua careca com aeroporto de um conhecido inseto voador.
O Barcelos repetiu suas atuações anteriores. Acompanhando tudo atentamente de longe, sempre perto de seu inseparável copo cheio.
O Patriarca Cide Oliveira Machado, (Cidenéia Vulgaris) ponteou as sacanagens e gozações sadias. Respeitado e gozado por todos, foi o centro e alvo de tudo. Não bebe muito em razão da “avançada idade”. Não come quase nada nas refeições. Não “come” nada.
Maneco o “Carpes” pouco ou nada fez. Preparou o matambre e o frango xadrez, ajudado pelo Jorge. A única coisa em que se destacou foi “varrer” o acampamento. Não pode beber muito. Comer, é igual o Cide, tem pouco apetite.
A barbada foi novamente o Jorge. TIAZINHA COVER. De botas, cueca preta, guaiáca, máscara, chapéu e de chicote em punho “agrediu” o Cide na frente de todos. Foi uma visão grotesca e hedionda, mas hilariante. O “agredido” não sabendo de onde “aquilo” tinha surgido ficou petrificado e sem ação enquanto todos riam a mais não poder. Concluímos que o Cide prefere o Zorro e não a Tiazinha.
Não há mal que para sempre dure. É na curva do rio que reúne o cisco. É na convivência franca e salutar que construiremos a estrada por onde caminhará nossa descendência. É no orgulho que temos dos ancestrais que nos fará corretos para enfrentarmos o julgar dos que virão de nós.

Novembro/1999.