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Sobre

O que é Machadaço?
 
É reunir os varões da família e seus convidados, carnear um boizinho de sobreano, charquear um bom naco de carne, salgar e pendurar num varal para curtir. É fazer, cortada à mão, uma lingüiça campeira.
Tomar banho de rio e fazer, no fim da tarde, um mate bem cevado, ouvir histórias e sentir orgulho dos nossos antepassados. Tê-los como guias e exemplos.
 
Gargalhar, ter os olhos marejados pela fumaça de algum tição mal queimado. Depois, depois servir um trago de Flôr da Macega para limpar a “güela” e dar passagem prá cerveja, bem gelada, como vanguarda de uma bóia campeira que ferve na panela de ferro por sobre a chapa de um fogão campeiro.
 
Espetar uma costela “bem” gorda, estender no moqueio e ficar ouvindo o “tsh” “tsh” da graxa cantando ao cair sobre a brasa viva de um pau de angico ou de guamirim.
 
Mais tarde, já cansado e etilizado , procurar o aconchego d`um pelego. Entregar o corpo para que Morfeu, Baco e Santo Onofre nos absolvam dos excessos cometidos.
 
Portanto, meu querido parente, meu querido amigo, não permita que tudo isso fique no imaginário. Venha, vamos viver juntos as maravilhas de um Machadaço.
 
TRANSPORTE-SE !
 
Entre na essência de cada palavra, de cada sílaba. Sinta o cheiro suave da mata, o cheiro acre da labareda consumindo a lenha. Sinta o silêncio ferir teus ouvidos. Sinta o passado, a natureza e a liberdade estenderem as asas sobre ti. Sinta, sinta a rara sensação de estar presente, de participar de um Machadaço. Ouça o lamento da cachoeira, o canto do sabiá, o mugido do gado no campo, o farfalhar das folhas, a presença do Tuzeco, do Paulo Domingues, do Ernestinho, do Titonho, do querido Tonho e de todos os antepassados na voz do vento a dizer:
 
” ESTOU AQUI ” .
 
Desfrute a presença de quem por tanto tempo foi ausência. Embriague-se de ternura, de euforia. Beba o próprio pranto. Cante a omissão, a coragem, cante a audácia, cante a covardia. Cante o que quiser cantar, o que souber cantar, mas cante, cante com orgulho!
E um dia, um dia poderás dizer:
 
“EU VIVI UM MACHADAÇO”